LIBÓRIO, EDUARDO (2010) POESIAS, DESENHOS E CORRESPONDÊNCIA. PREF., INTROD., ORG. E NOTAS GIL MIRANDA. LISBOA: IMPRENSA NACIONAL-CASA DA MOEDA. DE 24X16 CM. COM 239 PÁGS. ILUST. B.
De aparência modesta, Eduardo Libório (Lisboa, 1900-1946) apresentava aspectos meteóricos. João de Freitas Branco recordava a sua conversa rápida, brilhante, como uma experiência inesquecível. Mário de Sampaio Ribeiro via nele um temperamento revolucionário, capaz das maiores ousadias. As excentricidades da sua conduta, que podiam repelir estranhos, eram, para os íntimos, fonte permanente de alegres surpresas. Os versos e desenhos, que escrevia em papéis soltos para distribuir pelos amigos, devem ter-lhes parecido simples faceta da sua imaginação em ebulição constante. Por isso, é possível que tenham interpretado a sua morte prematura como um desastre total. O recuo no tempo permite-nos uma perspectiva menos catastrófica. Separados do fenómeno Libório, os seus versos adquirem vida nova, à luz da sensibilidade do seu tempo. Torna-se aparente como, sem ter pertencido a nenhum grupo literário, a sua poesia prenuncia a corrente surrealista, a qual só quase dois anos após a sua morte entrou formalmente em Portugal. O leitor deleitar-se-á com os acentos dalinescos dos poemas «Tirolinas» ou «Deixa-me perfumar a tua calva»; o uso da ironia nas cartas a amigos; ou as suas sátiras alegres às jornadas patrióticas promovidas pelo governo de então.
Edição de muito cuidada execução gráfica, densa e criteriosamente ilustrada a cores com nítidas reproduções em fac-simile de desenhos e poesias autógrafas.
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