CEGADAS NO CONCELHO DE CASCAIS

CEGADAS NO CONCELHO DE CASCAIS. RECOLHA, INTROD. E NOTAS JOÃO CARLOS CAMACHO. CASCAIS: CÂMARA MUNICIPAL, 1997. DE 21X14 CM. COM 80, [1] PÁGS. B.

Esta publicação, organizada pelo antropólogo João Carlos Camacho, resulta de um trabalho de campo realizado junto das populações mais idosas do concelho de Cascais, detentoras das memórias dos carnavais tradicionais da primeira metade do século XX.

De acordo com o autor, era no período cíclico do Carnaval que o fenómeno das cegadas se manifestava. Eminente espetáculo de rua, a cegada revelava ao seu público uma história original, interpretada apenas por homens, que quando representavam os papéis femininos apareciam travestidos. Interpretada por grupos de seis a oito elementos, pressupunha um discurso verbal e gestual próprio, onde às declamações proferidas, intercalavam-se as cantigas, acompanhadas por instrumentos musicais.

Com grande tradição nas localidades rurais do concelho, as cegadas evidenciaram-se como um poderoso instrumento de denúncia social e autocrítica das comunidades, atuando como um mecanismo de revitalização do tecido social, dos valores morais e dos comportamentos sociais que sustentavam o equilíbrio da sociedade e lhe conferiam uma identidade própria.